24.6.05

IV

Talvez eu esteja agindo corretamente
Suave como a pluma ao vento diletante
Tentando em mente e fingindo distante
Outro sonho de voo sobre a torrente. Talvez...

Mas que eu esteja assim sorrindo
Que eu veja o canto e cante o tempo
Que o negro ceu de inverno esteja lindo
Como ontem ao te ver de volta. Mas...

Se tivesse sentido antes isto
Ou escutado meus outros sentidos
Teria não acertado tanto. Se...

Porém foi como se não houvesse a visto
Foi como nos sonhos não vividos
Pelos sonhadores sem encanto.

17.6.05

Privação

De que me adianta (melhor do que)
Ver
Ouvir
Cheirar

Se não posso (é)
Sentir
Provar

16.6.05

Valete valente

Valete valente
Nobre contente
Violentamente

Jogo

Valete de paus na mesa
Agouro e sobressalto
Acomete o jogador
À minha infeliz esquerda

Valete de paus na mesa
Tédio em si enquanto pauto
O Touro já ia trovador
À minha infeliz direita

Rei de ouros jogado
O valete morto matado
Az de espada na mão

Dobro ouro apostado
E à minha frente postado
Sete formas de coração.

14.6.05

O Rei das Cores

O novo grande rei das cores
No reino provocou grande furor
Promoveu o rosa a vermelho
E o azul do céu decaptou

A rainha agraciada pelo rosa
Devotou ao rei todo seu amor
Promoveu orgias de vermelho rubro
E pálido o amante verde deixou

Agraciái-vos de púrpuras e magentas
Rompante o sol já desponta de lilás
Povo de coloridos mil

Serão manchados de sangrentas
Tonalidades de guerra e paz
Num mar de cor anil.

3.6.05

A sobra da luz da Lua

A sobra da luz da Lua
Vi fendida sobre a noite
Vi contida numa cuia
Até o fim da sobra da noite

A sobra da luz da Lua
Vi nos bares cheios de chopp
Nos homens vazios cheios de chopp
A sobra da sombra da noite

Finda vem o dia
Vem com raios de euforia
Consumir as sobras e sombras

Homens cheios de apatia
Vão embora quando o dia
Sobrepõe o fim da noite.

À sombra da luz da Lua

À sombra da luz da Lua
Vi círculos místicos azulados
Rodopios e estalos de fados
À sombra da luz da Lua

À sombra da luz da Lua
Três barbantes amarrados
Um nó e um pra cada lado
À sombra da luz da lua

Três vezes foram os giros
Três vestidos ornamentados
Três rostos entre suspiros

Enfim vi feito o feitiço
A pele seda, a tez e o viço
À sombra da luz da lua

Hua Kay

Aprendi a viver
Hoje eu quero morrer
De chorar de rir

Tanpodoca

Quebrei a virada quando o eixo do carro
lá onde vim na rua quase perto
quase com vida não escapei
pulando morro a janela rolando abaixo.