28.10.05

Relação

Mais pro lado

_Pro outro lado

__Mais um pouco

___Assim.. não mais

____Só mais um pouquinho

_____Agora sim. Está demais

Denovo vai

_Só mais uma vez

__Assim vem.. ai

___Ai. Assim.. Mais

____Tudo. Vem de vez

_____Assim.. Isso.. Lindo


A geladeira ficou ótima amor!!!

Tempestade

Sopram ventos gelados
de dentro para fora
de mim para todos os lados
afloram do centro de
uma noite uma aurora
do fim para o começo

Sopram nos meus ouvidos
das páginas dos sons
gritam loucos em rugidos
vindos de tal insanidade
martelos e sinos ungidos
escuto: tempestade

.

Tempestade
Tempestuosa
Tem piedade

.

Soprem doces ventos
assoprem um vento espesso
assoprem os momentos
venham como no começo
e levem o tempo

Sopram ventos de verdade.

26.10.05

Molhos verbados (voyeur)

Chov'eu
Chov'ela
Chov'er

Jardineiro eu?

E a chuva cai como
se regada no jardim
e o jardineiro eu
tolas gotas no jasmim
que hoje floresceu

E a chuva cai como
eu nos meus sonhos
e os pássaros meus
rodopiam medonhos
e piam como orfeus

E a chuva cai como
se pulverizada
minigotículas mil
partículas aladas
gotas d'água de abril

E a chuva cai
E a chuva
É tão chuva
Tão chuva
Que cai

E a chuva cai como
uma risada
gargalhada que só
sua mesmo
só sua cairia
mesmo assim
não me caberia
como a chuva

E a chuva cai
E a chuva
É tão tanto
Que cai
Tão chuva

Verbos Molhados

Eu chuvo
Ela chuva
Nós chovemos

23.10.05

Justificando outra vez

Que infortúnio o meu,
ter que justificar-me de meus gostos.
Gosto por que gosto.
Será isso da conta de alguém?
Pertinente a alguma linha que seja?

Penso para além das linhas,
pois não sou máquina concreta,
nem mesmo sei se respiro.

22.10.05

Reversos bobos

Vou anotando versos
sem sobrar nada de mim
pois escrevo o que me resta
desde que encontrei um fim

Verso Brutês

Escrevo com força

pois a vida se enfraquece.

Não vão poder desmanchar.

20.10.05

Quando?

Sabe quando o beijo
quando a boca entreaberta
quando o lábio trêmulo
quando tudo some
quando nada vejo
quando só a boca
quando beijo

Sabe

19.10.05

A dama amada (I)

Alma
da Arte
que performaste
em tua nudez
velada
acende-me
os olhos
de brilho fosco
fátuo
faz-me tremer
as narinas
com eflúvios
ditosos
contamina-me
os ouvidos
com melodias
velozes
e lentas
invade-me
a pele
de brisa
curta
intensa
e, se eu
pobre de mim!
merecer
sequer o seu desdém
deixa-me provar
o beijo
ébrio
e cálido
e fluir
o gozo
mesmo que
apenas
em pensamento
ou sonho

18.10.05

Meditabundo

Você está bem?
eu não

Foge-me o controle
às coisas
que me ditam

Então, medito
e tento esquecer

Ao fim
de mais um dia
de mente vazia
demais espero
demente esmero

Eis a questão

Há tempos
foi-se-me o ser
desde então
vivo em constante Estar

Estar alegre
Estar triste
Estar onde o tempo termina
Estar onde o espaço não há

Um Estar barroco
pueril
Sempre em busca do que resta

Restar, talvez
seja ainda um pouco mais
do que apenas Estar

Mas
também pode significar
Estar de novo
de uma forma quase imperceptível

Restar, talvez
seja ainda mais do que ser
um ser ao inverso
e um pouco mais

Uma interseção
desse mesmo ser
plural anacíclico
com o Estar pleno

Há tempos
meu ser perdeu-ser no Estar

e o Estar passou a ser o reino desconexo
do ser

Há tempos
foi-se-me o ser
ficou-me o Estar

Restar, talvez

como a rês encaminhada ao abate
de que Estar, restar apenas a carne
que alimenta os
seres
indiferentes
e sozinhos

Pseudo blues (ou "Divagações")

We put the soul
in the music
We hear the soul
in the music

Music is life

Sometimes we become tired
of life
Sometimes we are tired
of it

When this happens?
Are we tired
of music too?

I don't think so
I really don't

Let the music
go on
Let life
go on
and go on
'till we get tired

I mean... NEVER!

Oração

Amado Pai
dai-me forças para renunciar
ao que, de fato, não me pertence
piegas que seja
preciso de forças
para os desígnios que me cabem
enfrentar o que for
porque sou indigno
de tantos perdões
que recebo
e não sei retribuir

Que eu seja servo
não senhor
porque senhor é apenas
um pronome de tratamento
que atende às pobres convenções

13.10.05

... Ente...

Parva mente
mente
desmente
criminosamente
sob o árido Condão
de espíritos aflitos
a relegar seus Dotes
a trotes
aos seres
que habitam
o Olvido

Seca mente
sente
ressente
displicentemente
ao mórbido Som
de címbalos envelhecidos
entregando seus Motes
em lotes
aos vates
que sondam
o Ruído

Inquieta mente
crente
descrente...

Em látego
a Carne
em trôpego
o Vão
senão
em Sombra
desperto
a Veste
agreste
Eflúvio celeste
dos dias
que infinitam...

4.10.05

Mudei de Idéia

Logo logo vai passar
Todos tem seu preço
Tudo tem remédio

Só o tempo então
Não tem preço,
remédio ou perdão

Não, Não... Sim
Faça tudo agora
E no final: lembre de mim.

(Mudar de idéia é ótimo!)