28.12.06

Alto I

Não sejam tão tolas
Belas pedrinhas de gelo

Cintilem ao brinde
Cirandeiem em polvorosa
Feito um bando de rolas
Que pelas telhinhas passeiam
Quando de mel se tinge
Incendeiam

21.12.06

Romeu

Eu vou fazer um verso para ela
Para declamar com voz singela
E falar da minha paixão
À noite e na escuridão

Dizer que tenho vivido a solidão
E rimado com garotas tão banais
Tentado estrofes experimentais
E dito a todas diversos nãos

Eu vou cantar então um sim
Pedindo dela um beijo enfim
Para me silenciar

Eu vou fazer um verso sem fim
Para reclamar o amor meu
Um amor de um Romeu

B® 21.12.06 "Sim de volta ao soneto..."

14.12.06

De ato em ato faz-se o teatro

Carrapato
Quem deu?
Loucuras desse mundo de máquinas poçantes.
Na água o carro atolou
e o pato? nada como isso.

12.12.06

Undo

Penso logo existo - logo na rede
Carrego aplicativos - ativos
Mato a sede e o sono - água e café para os vivos
Ordem na mesa - reescrevo post-it's imcompreensíveis
Tenso leio minhas mensagens - deleto-as permanentemente
Uma permanece ilesa - de alguma pretendente
Respondo depois - homens são insensíveis
We are the robot - música incidente
Toca o telefone - toca o celular de repente
Batem à porta - Novas mensagens
Messengers - Talks - bem vindo ao batente
Penso bem
Logoff

7.12.06

Duets

1. Aos seus cuidados
2. lhe entrego
3. um barril de pólvora
4. guardado
5. um coração
6. dinamitado
7. mil pecinhas de lego
8. e pura eletricidade
9. estática em ponta de faca
10. armado e pronto
11. a ser eletrocutado
12. por seus pecados
13. lhe nego
14. escolha certa
15. de pura prática
16. erupções
17. venho internado
18. explosões solares
19. observo cego em terra de cego
20. pelos escombros seus
21. vago
22. meu ego

1. vago meu ego em seus escombros
2. meus assombros
3. pelos
4. cego em terra de cego
5. observo explosões solares
6. interno
7. venho de erupções
8. pratico escolhas e certezas
9. puro
10. nego
11. peco por você
12. estático
13. eletrifico minhas cercas
14. me armo de facas
15. ergo
16. muros de lego
17. mil pecinhas dinamitadas
18. guardadas num coração
19. feito pólvora
20. em um barril
21. lhe entrego
22. aos seus cuidados

4.12.06

LOVE

LOVE
LOVE
LOVE
LEVE
LIVRE
LINDO
Lá Laiá

30.11.06

Expõe-te podridão
humana
Deixa sair da casca
o verme
Despe tua máscara
profana
Entrega-te ao mundo
inerme

28.11.06

Desabafo

Quem inventou as palavras
devia ter tido o cuidado
de rimar algumas delas:
Mar e amor,
amor e desejo,
desejo e prazer,
Prazer e sexo,
Sexo e poesia.
Quem inventou estas palavras
Era um tremendo vigarista
Ou só queria nos dar mais trabalho
Ou já era um * concretista.

Labioredas

Aos lábios de fogo que sorriem
E lambuzam pink os lábios meus
Um grande beijo azul marinho
Da boca do mar do arpoador
Com dentes e linguas em ardor
Afiados e sedentes e com carinho
Dos meus lábios hábeis e dos teus
Lábios de fogo que sorriem e incendeiam
Um grande beijo azul clarinho
Lambuzado pink de desejo
Em labaredas ferventes de amor.

"Para a menina dos lábios de fogo"

22.11.06

...

Se tua virgindade fosse
como o fel que me amarga a boca
devoraria-te assim mesmo
e ainda lamberia os beiços

17.11.06

Vem chegando o Verão

Verão
De todas a pior estação
O suor dos corpos
traz consigo o odor dos mortos
O sol das praias
E o câncer de pele
A libido que espele
Dos desodorantes vencidos
A maresia e a insônia
A fumaça dos carros
Tanto barulho em meus ouvidos
As fofocas nas teles
As férias escolares
O sono dos mendigos
A poluição do verão
De gravata no escritório
Cães marcando seu território
E o cloro do vil mictório
Imbróglios de então
Que venham de gelo e em cubos
Que venham devidamente condicionados
Neste mês ardente de verão
Tão decadente

10.11.06

Minas

Minas
Minas é uma dilícia
Dilícia de cheiros
Dilícia de gostos
Dilícia os mineiros

Minas
Que não tem postos
Tem esquinas
Dilícia de meninas
Dilícia de moços

De meninos traquinas
E mininas de tranças
As mais belas crianças
Os mais belos esboços

Minas
Que sempre Gerais
Geraste em mim
Meus doces pais
Geraste sem fim
Horizontes

Belos Horizontes

Bruno Milagres 10.11.06 SP "Nunca quis tanto estar em Minas"

8.11.06

Carta a um amigo perdido

Óbvio
como é tudo tão óbvio
simplesmente esqueça
tudo aquilo que aprendeu
se emburreça
enlouqueça

É óbvio
pare de se preocupar
a fumaça é espessa
espessa demais para penetrar
não adianta nem tentar
desmereça

Que é óbvio
como tudo na vida
o maior dos tesouros
o descanso e os louros
só na ilha perdida
óbvio: perdida!

Então,
não tente encontrá-la
faça o óbvio
e tão somente o óbvio
na vida: se perca!
Vá! Pule a cerca!

Diálogos X

"Oi amor"
"Oi meu bem. Como foi o seu dia?"
"Foi um terror!
Aconteceu tudo o que não devia!"

"Hoje o Davi teve febre
levei-o ao seu médico
que é sempre muito gentil
o que foi muito benéfico.
Receitou bezetassil...
Coitado do Davi.
E não sabe hj o que vi?
Uma linda bolsa de vinil
e brilhantes... Não resisti.
Ah, e é melhor guardar seu carro
Hoje é dia de jogo
Antes que algum maléfico o quebre."

"Ah sei... Já vou tirá-lo.."
[Droga, ela nunca escuta o que falo..]

"Pronto amor."
"Oi meu bem. Como foi o seu dia?"
"Ótimo, não poderia ser melhor!"

[Ha quem diria que sou corno,
frouxo e outros adjetivos incentivadores.
Mas se a minha batata já está do forno,
a dela já passou do ponto horrores.]

[Médicos, bolsas, carros, estou farto.
Tirarei férias desta vida. Amanhã parto.]

7.11.06

Metrovimento

Outras paradas
Catracas safadas
Descaradas
Lambem bem as bandas
Lambidas noutras
Partidas
Em bandas de Cá e de Lá
De Fá e de Mi
Em altas batidas
Lá vem o metrô

Zunida parada
Da linha amarela
Em vasta manada
Nela aglutinada
Uma passadela
E mil desencontros
A pista esvazia
De gente vazia
Cujo olhar desvia
Em via de sonhos

Mais outras de encontro
Ao meu desencontro
Vem vindo pacatas
Espirros já fracas
Ou tiros matracas
Vem feias e belas
Vem em alcatéias
De pé e sentadas
Em Metrovimento
Ao léu sedimento

Bruno Milagres 07.11.06 SP "A cidade não para a cidade só cresce"

3.11.06

Reencontros

Novos centros
em seus ventres
sempre prontos
noutros e dentre
todos eles

Novos metros
vem a frente
novamente
outros dentes
todos eles

Novos pontos
de vista vistos
dentro em contos
cantos epicentros
mil momentos

Reencontros
semem e ventre
pés pedestres
em novos pontos
de encontro.

27.10.06

Enluarado eu?

Aconteceu de um céu ser lindo
Onde a lua já quase dormindo
Seguia meus olhos toda sorrindo

Bruno Milagres 26.10.06 SP "Sim aqui também tem céu e lua. Estrela só nos olhos..."

Quinta

Foi um dia repleto de pequenas insignificâncias
conversas curtas
café morno
cigarros
ah meus amigos cigarros
são sinceros em suas mentiras

Mas foi completo de pequenas esperanças
sorrisos sensíveis
sobremesas
presenças
como sinto suas presenças
sussurros de tão longe

A noite quente não traz sonhos leves
mas têmporas brilhantes
lençóis úmidos
marcados na pele clara
em vermelho rubro
nos olhos fundos de sono

A noite traz cintilâncias
sempre silenciosas
fatais

Bruno Milagres 26.10.06 SP "Tragam uvas negras, tragam festas e flores, tragam incenso e odores."

26.10.06

Recomeço

Começo do meio do caminho
Começo do dia fim da noite
Começo da noite fim do dia
Começo aqui

Ela me enfeitiçou

Meio confuso entro no meio
Meio do dia meio-dia
Meio da noite meia-noite
Meio não tem lugar

E não resisti

Findo por aqui no fim
Fim do dia já é noite
Fim da noite já é dia
Fim. Agora sorria!

Um fim é sempre um recomeço.

Bruno Milagres 25.10.06 SP/RJ "Tarde da noite no limbo entre o Rio e SP. Para Alessandra"

25.10.06

In Terra

Que aço
há de ser forjado
em afiado punhal?

Que traço eu
que não passado
em meu enfado invernal?

Secas substâncias
se-di-men-ta-das
ranhuras rascantes
Refinadasss
ao corte da navalha
precisa!
E tesa

Mecas
sob instâncias de ânsias
penúrias, lamúrias
em brochuras

Do Fim
apenas
o Devir
eterno das agruras

Reviver

Será
a Vida
ávida
Dívida?
A dívida Diva
A Diva
ares...

24.10.06

316

Move!... Move!... Move!... Move!... Ainda sem respostas!...
Sorve!... Continuemos por aqui!... Ainda e sempre
posta a mesa, o menino se senta e instável toma seu leite
Corre!... Lança jogada de si para além

Despropósito

Palavras?
Não sei mais
Não As utilizo mais
Perdi ou
abandonei
O "dom" que nunca tive
in quieto
Borrisco
Os erros de incontáveis...
eras

20.10.06

20.10

Hj o dia parece aquela piscina vazia do sítio, cheia de folhas secas e à espera de uma boa limpeza e de água e de crianças e de boias e pingos e risos e cores.
E não este azul esmaecido.
Passava faceira,
têz dourada,
plantando a planta do pé na areia.

As curvas, lascivas
na quase não-roupa,
a cada passo as ancas oscilam.

Quem quer que visse, diria:
"Como é gostosa essa língua portuguesa!"

18.10.06

Caminho Pelo Gelo

Gelo e neve e a tempestade nos cobria
de gelo e neve cobria a colina
cobria a tarde, a textura do gelo
e da neve na boca doce e gélida
cobriam outros mais
Refúgio do gelo e da neve
só poderiamos encontrar debaixo
numa velha dimansão castelo coberta de neve
dimensionada e espiritualmente colocada
em nosso caminho de gelo.

"Não vá por ai"
"Porque..."
"Já estive aqui"
Estendendo uma das mão para os ceus gélidos
anuncio a chegada sobre o gelo
"Peço refúgio do frio e da neve
aos anfitriões de gelo desta dimansão"
"Sou eu quem vos pede calidamente"

E surge dos pontos cegos da visão
pelo branco e pelo dourado
enevoado e gelado o guardião
mítico, misterioso e esquálido

"Você possui a chave"
"Chave?"
"Você possui... a chave?"
"Chave?"

...e escutei por toda a imansidão branca
gelada, enevoada... enquanto acordava...

"A chave"

São Paulo

A urbe é um grande estômago que vai comendo o meu ônibus conforme eu me aproximo.

...

Hmmm, onde eu vou jantar hoje?

17.10.06

Poema de Relance

Calmamente olho de relance
tentando ser displicente talvez
o entrance das pernas e o rebolado cadente
do excelente par de coxas ao meu lado

E não consigo É claro!
meus olhos petrificados nada podem
contra o balance das serpentes
em seu hipnótico chacoalhado

E claro ela percebeu o bom olhado
mas terminei-o reticente
como querendo completamente
pelo encanto ser encantado

16.10.06

Um petardo de rancor

A espinha congelada
A garganta seca e a voz calada
Acreditar no que se pressente
Ou dar de presente o silêncio
De mão beijada

A espreita

O campo vertente em teu sangue
Vertigem do vento e vendeta
A espingarda em brasa
Os olhos queimando o capeta
O grito seco num pombo sem asa

A colheita

A coruja vigia o cenho
Fechado e amaldiçoado
Paz de espírito já não tenho
Nem por isso serei apedrejado
Mas tenho o coração partido

13.10.06

Poesia de Outubro

Pelejo pra lembrar
aquela melodia tão bela
tremulo meus lábios em dó
sem pena, anoto o mesmo
Começa lento
depois uns galopes
até desenvolver e já
não sei se era mesmo essa

11.10.06

Meninoite

Dorme dorme sob a cama
Debaixo e De'olhos bem abertos
"BEM ABERTOS"
Tem travesseiro travesso
E almofada mofada
Luz de lanterna já fraquinha
E uma estrelinha colada
Quem vem vem do corredor
Da porta Atrás da porta
Gatinha com olhos de agata
Peixinho brilhando de amor
Não devia brincar à noite
Quando a malvada lua te mata
Mamãe sempre diz Em cima
Dorme dorme sobre a cama
Plockti plockti já Vem vindo
Beijinho de boa noite
Sempre finjo estar dormindo

9.10.06

Pingoletras

pingo
letras
salgadas
,
,,

,

Lei-ri-looooo

queria ter asas de anjo
para voar ate seus sonhos
e tocar meu serelepe banjo
ohh lei-ri-looooo

Noite de Outubro - Adoro esta palavra "serelepe"

8.10.06

Nós Dois

Sonho cada loucura
outro dia sonhei com você
uma só doçura
mas nós dois sabemos
tamanha a amargura
o ressentimento
que ainda mantemos
não existe cura
sem um bom remédio
ou tratamento
ficamos por muito tempo
por demais apertados
e quando fomos desatados
ficou do nó a falta
ausente
sonho e loucura
sempre que se mistura
o amargor `a doçura
não se esquecerá
do sabor , da textura
do paladar
sonhei com vc
doce como sempre

Estrela

Uma grande saudade
Apesar de um oceano
Vai felicidade
Voando dar-lhe um beijo

6.10.06

Qualquer Um

Passo três dias sem te ver
E já fico vendo fantasmas
Não! Não tenho medo do chuvisco
Espero o minuto derreter
Pingolear da janela

Me pego falando sozinho
Olhando para o nada
Ou para o tudo que deixou
Espalhado como sempre
Difícil é esquecer

Rabisco qualquer coisa
No jornal cheio de palavras
Toca o telefone
E não é você

Nunca é você

Passam-se meses em dias
Não sei mais quem espero
Tampouco sei porque espero
Será que te imaginei?
Imagina? Eu louco?

Me desespero
E meu desespero vira chuvisco
Dos meus olhos pingoleados
Derreto em minutos Fantasmas
Difícil é esquecer

Bruno Milagres 06.10.06
"Mas o meu coração de poeta projeta-me em tal solidão"

30.9.06

Fabulo nda tua cara

Icônico eu? Pelo cisto não entendeu nada.
Belisco teus juanetes e espero dizer ai.
Calei-me a frente de tanta infantilidade,
meus jogos não chamam satisfação.

Tarde demais (Prodições 1987)

"O problema de estar no limite são os parâmetros
Olho ao redor e me entendo até a porta.
Do lado de lá é o Tejo, não há como viver além (se sou isso também).
É melhor voltar enquanto é cedo...

27.9.06

De volta

Escrevia algo importante
algo sobre minhas unhas cortadas,
mas o programa fechou e eis-me aqui
a cortar-lhes novamente.

25.9.06

saldo

Me pediram a pouco que mudasse ponto por vírgula.
Quebro a palavra.
Fico em dívida.

Agora e pouco

caía a água bem forte
e o vento que levantava a saia da mulher sem desvendar nada
era apenas um momento e ponto final
minha poesia sempre desanda
na água pisei bem forte
querendo espirrar na mulher a sujeira que me comove

22.9.06

Choro

Choro choro
Do clarinete
Ao banco de couro
Choro d'ouro
No Catete
Melodia menor
Choro melhor
Ou por pior que seja?
Choro cerveja
Da boca que beija
Choro ben Jor
Choro da chuva
É um tapa de luva
Um choro de Sor
Ou então choro só
Quem já sabe de cor
Choro sem cor
Choro cantor
Perdido na lua
Choro de Thor
Choro loucura
Choro que fura
Choro choro
Que choro

O amor

Ele
Flutua n'água vendo as nuvens do céu
Ela
Flutua no céu vendo as núvens n'água
Ele
Sobe e respira o ar da manhã
Ela
Amanhece assoprando o ar que respira
Ele
Calcula as distâncias do infinito
Ela
É incalculável e infinita a distância
Ele
Fecha os olhos e sonha o impossível
Ela
Fecha seus olhos de augúrios insondáveis

Ele
Salta o mais alto e longe que pode
E quando o corpo já não lhe cabe
Salta do corpo que lhe coube
Alma que alvas asas abre
Para que voe

Ela
Solta um suspiro de amor e encanto
Outro de assombrosa incerteza
Outro de magia e espanto
E acolhe em cativa beleza
Uma brilhante alma.

21.9.06

Conversão

fazendo corpo mole
entra na água
quebra na onda
e sem forças insiste
CENSURO AQUI O RESTO
POIS OS CAMINHOS DO DESEJO
NÃO SERVEM ÀS MINHAS VOGAIS
FECHADAS E VESTIDAS PARA REZAR NA PRAIA.
levanta-se em luz
escorre-lhe a água
amarra-se na onda
CENSURO-LHES O FÔLEGO.

leite quente

só nata
ao lular
quandomedeicontadequetudoerabelo caí feio um patinho
End After 4
1
2
3
4
End

20.9.06

Moça de ciranda

Passa
dá a mão
e leva

19.9.06

sobrevidente

mato um
mato
madrugada
a dente

18.9.06

Diálogos IX

Depois de três horas me bolinando
Queria o que?
Ah então tremeu nas bases
Queria o que?
Quer fazer as pazes
Quero mais três horas para pensar
Quer o que?
Quero tremer nas bases
Quer o que?
Quer fazer as pazes?
Só vou te bolinar
Já disse

Três horas são perfeitas para se amar
Na primeira te bolino
Na segunda te amo
Na terceira me amo

O que?
Na terceira te mato
Na segunda te enterro
Na primeira oportunidade arrumo outro
Três horas são uma eternidade

Também depois de três horas me bolinando
Queria o que?
Só podia pensar em me amar
Ou em te matar
Te mato de vontade
Te amo depois de mata-la
Maltrata-la
E depois?
Das três horas?
Você pode imaginar

6.9.06

Diálogo VIII

Sábado?
Samba bamba no sábado?
Só se ela for.
E se não?
Senão domingo.
Sábado!
Só samba no sábado.
E se ela for?
Vou morrer de amor.
Senão fico dormindo...
Sem seu sabor...
Só domingo...
Fico acabado.
Sábado?
Sim no sábado!
Vestido assim?
A sim! Pois é sábado!
Então?
Então já é...
Sábado

Será

Os verdadeiros amores esperam
Nas madrugadas silenciosas
Caminhando em praias desertas

Em meio a multidões incertas
Em apartamentos pequenos
Nas insônias sempre alertas

Nas curvas mais perigosas
E nas baladas intoxicantes
Sentadas ao fundo misteriosas

Elas esperam

Nas lembranças mais presentes
Com os pés sobre as cadeiras
Balançam tranquilamente

Elas esperam

Deitadas sobre a grama
Sonhando acordadas
Moldando as nuvens

Esperam serenas
No sol da manhã
Vão ficando morenas

Desenhando mil nomes
Em mil corações
Na areia das praias

Esperam nas praias.

Nenhum mal

Na rua perdida a pedra filosofal
Amanhã alguém chuta para o esgoto
Transmuta água em colônia talvez
Fica perdida de vez
Muta o homem no boto
Para latim o inglês
Tudo que é do bem para o mal

Amanhã terá chuva
E garrafas de vinho derramadas
Por deuses beberrões
Terão gosto de uva?
Estarão de ressaca e então
Os tufões e tudo mais
Tudo que é do mal para o bem

Ontem fez frio no sangue
Dia de pedir tregua e derramar o mar
Bandeira branca estendida
Pedindo fim a vida bandida
As frutas de cera na mesa
A toalha azul e as sementes
E a vida quase a parar

Pra ver e se ver
Para parar para amar
Sem pensar no bem
nem desejar nenhum mal
Precisa perder a pedra filosofal
Precisa da ressaca dos deuses
Precisa congelar o mar

30.8.06

Diálogos VII

Telepatia

[ouço estas palavras em tua cabeça]

Agora
Já é dia
Escuta
Permita
Uma vida vadia
Sadia
Permuta
A palavra arguta
Pela elegia
Comuta
Com prazer
Com algum outro ser
Ser prazer
Agora
Que é dia
Permita a noite
Agora que é chuva
O trovão
Agora que é não
Outro sim.

[ouça e esqueça]

Canto de Iara

Iara
Canta
Triste o entardecer
Quando os pássaros procuram refúgio
Nas copas dos Tarumãs

Se encanta
Assiste a lua nascer
Os coachos dos sapos e o brilho dos pirilampos
nos brejos submersos
Os verdes quase negros
Um silêncio de ensurdecer

Iara dança na noite
Suas formas morenas
Exalam o perfume da dama
As estrelas farfalham
Refletidas em serenas águas
Espelho das almas

Das terras secretas
Onde as casas de barro
Dos Joãos da amada pátria
Acendem suas velas
Telas e visões
Milhões
De Joãos
Do barro da terra
Não percebem o perfume
Não escutam seu canto
Nem entendem seu ser
Espelho da mata

Iara canta
E suspira perfeita
A espera do canto
Da oferenda
Aqui feita

27.8.06

Diálogos VI

Cinco giros do saca-rolhas
E o doce das uvas do vinho se espandiu
Feito aroma em boas borbolhas
Feito vento derrubando secas folhas

Ela sorriu. E a este sorriso nada poderia resistir
Nem mesmo eu.

E o vinho deu gosto as palavras
Que nadaram até a madrugada cair
Como se houvessem sido escritas
Para nossas convulsivas bocas

As palavras eram mais que palavras
As bolhas que eram folhas que eram rolhas
Rolhas e mais rolhas e mais vinhos
Borbulhavam por nossas bocas

Que de tão secas feito folhas ficaram
Sedentas de mais palavras
De mais bolhas e somente enfim
Em seu encontro silenciaram

Cinco giros para dar sorte

Diálogos V

O sol fica de fora todas as manhãs
Iluminando o tráfego imenso
Peruas, blindados e sedãs
Num barulho tão intenso

“Será que é do brilho do sol este barulho?”
“Ah?”
“Nada querida… Não foi nada.
”Ahhhhhhhh….. Quantas horas…”
“Cedo. Ainda é cedo.”

Nas cobertas e lençois me embrulho
E mergulho num sonho sem sonhos

Diálogos IV

“Ah, portas e mais portas”

Ruas frias… todas mortas…

“Portas e mais portas.”

Passadelas
Passarelas
Todas tortas. Todas tantas.

“A chave do meio.
Abre logo. Maldita.
Ah sim. Agora o banheiro.
Benedita.
Sobre ti me derramarei.
Não te espantas”

“Bandidas”
“Sacripantas”

O som dos carros ao longe,
Quando se está deitado
Derretido feito um coitado
Soam, longe… longe…
E tão perto.

Ambulâncias

Diálogos III

“Siga para o Santa Tereza, por favor..”
“Quer que eu passe por onde?”
“Por onde vai todo e qualquer morador:
Desca a Brasil e a siga até a antiga Conde
Ai vira sentido Contorno.”
“Não entendi. Sentido retorno?”
“Vá! Siga então aquele senhor!”
“Certo. O senhor vai ao Bolão?”
“Isso. Isso… O Bolão.
Pode me guiar até lá, sim?”
“Pois não”

As pessoas aqui dormem todas cedo.
Se vestem conforme a novela das oito.
Sentem paixões e as escondem da mesma forma.
Bebem sim. Quase toda a noite.
E ainda assim acordam todas cedo.
Tão cedo.

“É aqui. Chegamos enfim!”
“Excelente. São dez e quarenta.”
“Ainda é cedo! Troca para mim?”
“Claro (a garganta raspa de forma estranha, como um antigo pigarro).”

Mais uma dose. Será que ainda aguenta?
Será? Overdose de água benta!

Diálogos II

“Queria ter aprendido algo com ela…”
“Não fique assim tão deprimido
Pois outras mais hão de florir na janela”
“Como naquela música não é mesmo?”
“É, sabia que já a tinha ouvido”

Silêncio …
Confortável silêncio
Dividido apenas por bons e velhos amigos…
Cigarros partilhados…

“Ela tinha belos olhos verdes
E qd chorava tingiam-se de vermelho”
“Vc ainda sente muita fallta…”
“Chega destes teus conselhos”

Uma respiração travada
Suspensa
Intensa em sentimentos

“Porque não a procura, Se anima!”
“Nada mais me anima meu amigo”
“Então vai, bebe tua caipilima,
Brinda a tua liberdade amigo.”
“Estou preso… Do mundo dela
Fiquei do lado de fora… Excluído…”

Um gole seco
A lima é mais fraca que o limão…
E o açúcar e o gelo a adoçam e resfriam
Congelam
Como o coração recém despedaçado
Ainda bem que a vodka por mais fria que esteja
Aquece e da dor se esquece.

“Acho que algo aprendi sim”
“Diga então, ou passemos ao gim”
“Aprendi a não mais me prender”
“E a não perder mais seu tempo, sim?!”
“É, este é um bom fim!”
“É sim, com algo a que beber!”

24.8.06

Ocaso II

Olho o horizonte
flecho no olhar um devaneio
atravesso marculino
atravesso a praço
mas logo me esqueço

boa tarde meu amigo
a realidade sempre chama
mas a mesa nem sempre é plana
rima boba
sei disso
mas aprendi na tv
que a distância entre o trivial
e o entusiástico
é apenas um segundo
distância-tempo
apenas um pouco atrás teria sido genial
não fui, não sou, ou talvez
não importa

minha mesa é a sua também
seres seres respondem ser o que são
Que tal? Me responda se é você...

18.8.06

Lia beijo

Mau humor tem gosto de cigarros
E chuva tem cheiro de cinzas
Geladeira vazia tem água gelada
Cadeira na sala sentada fantasma
Cama de verão com gente pelada
E risos vadios e gargalhadas
O dia seguinte é sempre suave
Olhos tristes que olham pro nada
Livros de papel, palavra e poeira
Pratos de pizza janela molhada
A tv e a autodestruição
Decora melhor desligada
O som de tubarão no aquário
A lâmpada acende apaga acende apaga
O veneno fatal do boticário
My Juliet!

16.8.06

Diálogos I

"Oi"
"Oi"
Silêncio
"Você"
"Não fala nada"

Silêncio
Silêncio do beijo

[telepaticamente]
não queria te perder
só queria te encontrar mas...
mas agora...
quero me perder de amor
quero morrer de te amar

Silêncio
Silêncio do beijo

"É, não sei nem o que dizer"
"Não vamos pensar demais"
"É..." [sorriso]
"Tá feliz?"
"Demais!"


"Tenho uma teoria
Acho que naquele dia
Quando te conheci
Naquele dia então
Perdi meu coração

E a vida vai dando voltas e mais

voltas

E sempre que te vejo
Encontro contigo
O que mais anseio
Um profundo desejo
Meu coração perdido"


"Vai ficar tudo bem"

3.8.06

Avezcruzes

Morro vai longe vai monge
Das calmas águas do mar se esconde
Cava um abismo e o fundo tange
E encontra o mesmo mar
Mina de preciosidades
Dentro de grota não se sabe onde
Do enxofre denso negro ar
Gotejante mundo de Gandi
Silencioso e ômico
Gongo do morro
Cabongue!

1.8.06

Promessa

Fiz uma promessa
De te escrever aqui
Um poema

Fim

P assado

Passarim de pedregulho
Num si'apruma num nada
Espera vim d'agua
Um mergulho de mim

Passarim de pedra
Não plana nem pia
És pedra não tem pena
Tem enfim pena de mim

Passarim de rocha
Bem te vi a duras penas
Sorrindo da cabrocha
Que de mim se avoava

Ah passarim, te apedrejava
Só pra ver teu fim
Te prego então aqui
Empregado da palavra

Bruno Milagres 01.08.06 SP

26.7.06

P aladas

Pássaro de pedra
Não plana não pia
Compenetrado
Espera

Rema

Salve morro dos mares
Folha seca laranja e café
Vento que cerca horizontes
Homem que suspira em pé.
Martelo batia e ainda bate no cobre do taxo de tantas marias.
Doce de figo marmelo cidra mel na colher e à noite no pão.
Desce a noite a saudade a neblina que me cria lembrar.
Voa pomba sem rumo pra cima dos ventos ser gaivota.
Volta.

Acorde

Acorde
Que o amor gritou
Rugiu leão abriu a flor
Acorde! Acorde!
Que é seu o dia
Fareja maresia
Calçada molhada
O sol luzindo n'água
O coração que estremeceu

Acorde
Que o amor gritou
De juba amarrada
Toda corada
Acorde! Acorde!
E corre sem guia
Na areia dourada
O vento soprando a balada
Da tristeza que adormeceu

Bruno Milagres 26.07.06 SP "Longe de casa, a mais de uma semana..."

20.7.06

Pesacabelo (ou O Sonho dos Carecas)

Valderramas por todos os lados
Num imenso salão de cabelereiro
As máquinas zunindo agitadas
Pelas mãos dos vários braços do barbeiro
Ele também é Valderrama
Cabelos encaracolados
Sobre o piso xadrez de quadrados

Os cabelos caindo e crescendo nas cabeças
Caindo e formando um imenso tapete de cabelo
E subindo, como um mar de cabelo
As cabeças derramando cabelo
Cabelo por todos os lados
Como um terrível pesadelo
De cabelo e mais cabelo

Morumbi

O homem era pago para passear com cachorros
Era bom no que fazia Tinha pedigree
Puxava as oito coleiras pelo Morumbi
Subindo e descendo morros
A cachorrada guiava

Era o que lhe sustentava Sua família
Grandes e velhotes ou pequenos filhotes
Não importava Só ele não latia
O animal tatuado em seus braços fortes
A cachorrada lhe puxava

O carro vinha em pressa disparada
Latiu com sua buzina enquanto batia
Arrastou-se pela guia da calçada
Virou faiscando a fachada
Enquanto o homem olhava e fugia

A cachorrada latia e pulava
Enquanto o carro estilhaçava
Ao fim apenas uma buzina intermitente
Um silêncio que não mais passava
Enquanto escurecia tudo de repente

Bruno Milagres 20.07.06 SP

17.7.06

Chega a Saudade

Pontinhos brilham no céu carmim
Ao longe uma doce balada
Cantiga de Jobim
Na boca sorrindo calada
Seu céu vem surgindo gigante
Até que selada em mim
Sorrindo
Calada

Ao longe brilham pontinhos
No céu de Jobim
Seu céu gigante e carmim
Na boca calada a cantiga
Surgindo em sons de sininhos
Aos poucos indo perdida
Dormindo
Colada

Ao céu volto o olhar
Longe a perdida balada
Cantiga de fazer chorar
Calada em um semblante
A saudade se faz gigante
Cantada na voz de Jobim
Se estiver ouvindo
Não diga nada

"... não pode mais meu coração viver assim dilacerado..."

6.7.06

Falta Pouco

Tic Tac Tic Seis e vinte e três
Tic Tac Tic São quase sete
Tic Tac Tic Valha-me Deus

Tic Tac Tic Tento forçar os ponteiros a andarem mais rápido
Tic Tac Tic usando poderes paranormais...
Tic Tac Tic Claro, não os possuo!

Tic Tac Tic São seis e vinte e nove
Tic Tac Ti Talvez tentando mais...
Tic Tac Tic O ponteiro não se move.

Tic Tac Tic Preso aqui?
Tic Tac Tic Mas por quem?
Tic Tac Tic Ou que?

Tic Tac Tic Minhas asas andam longas
Tic Tac Tic Meus passos meio desastrados
Tic Tac Tic Ah tempo que não passa

Tic Tac Tic Se para uns ele voa
Tic Tac Tic e para outros escorre rapidamente
Tic Tac Tic De mim ele rí descarado

Tic Tac Tic Adianto para quase sete
Tic Tac Tic Seis e cinquenta e sete
Tic Tac Tic Que tal?

Tic Tac Tic Somente dois minutos. Sim!
Tic Tac Tic Agora falta só um.

E Fim

Bruno Milagres 06.07.06 SP "Céus, estou realmente perdendo a razão! ... enfim! :) "

Amanhã

Abro os olhos de hoje
Vazios
De vontade
Tão tarde
Ponteiros são alicates de tortura
E por mais macia a cama sempre fica dura

Abro os olhos de ontem
Cheios
De saudade
Já é tarde
Bombeiros sob um céu em chamas
Em geleiras procuram alguém que amas

Abro os olhos
A manhã

Bruno Milagres 06.07.2006 SP "Onde o planeta não gira gira o perneta lá de longe"

22.6.06

En Fim

Valete de paus
Não me vale nada
Pois todos são maus
No naipe de paus

A dama de ouros
Que nunca é passada
Por seus nobres louros
É bela encartada

O rei já não quero
Mas dez mais rodadas
É um que espero
Do naipe de espadas

Agora de copas
O az das paradas
Que venham em tropas
As cartas marcadas

Enfim! Bati!

20.6.06

Cop( )a na cama

Cartas amassadas
na mesa partida
vermelho no naipe
a dama na cama
de noite de quatro
daquele número
divisível por um
e por si mesma
melhor que três
menor que sete
no meio de uma dezena
mas não é cinco

18.6.06

Aquele dia

No alto de uma colina
tinha uma casinha
e dentro dessa casinha
tinha uma galinha

Quando a galinha cacareja
penso: - Que diabo de vida,
eu nunca comi cereja

(poema escrito a contragosto
com a imprudênte influência de
co-autores que prefiro não citar
para não denegrir)

16.6.06

Cereja

Ela é feita de todas
as camadas da crosta terrestre
Ela é um vulcão adormecido
uma fruta silvestre
é A flor eleita

Ela move montanhas as vezes
revolta as ondas
de baixo do fundo dos mares
respira buenos aires
nunca se prende nas redes

Ela é um redemoínho
que me atrai para o centro
pros seus grandes olhos de café
negros noite adentro
doce feito pecado

Ela é uma das cerejas do bolo da vida.

Bruno Milagres 16.06.2006 "Ontem foi um dia bonito"

5.6.06

Entre termos

Quando o corpo é pouco
Para dar mais um passo
A alma cresce
Expande e volta ao espaço

Se o corpo é pequeno
Para ver lá do alto
Então olha de dentro
Grande é o abraço

Veja!
Pequeno e grande são apenas dimensões e não propriedades
O muito e o pouco são quantidades e não qualidades
Engraçado quão caras são estas palavras.

3.6.06

Ocaso

ócio, dente rangendo
ponho migalhas na boca

vejo filmes pesados
estico as pálpebras
e quebro pedras nos olhos
Hoje outro dia

18.5.06

Acaso

Num dia
diz que casa comigo
Noutro
está de caso com ele
Assim, sugiro:
caso queira casa
acasale-se!

Linóleo Cavalhesco

16.5.06

Alice

A moribunda andava torta
Desatinante
Já meia morta
E Nauseabunda

Andava imunda
E toda porca
Infectante
Cheirava a bunda

Chamava Alice
E não Raimunda
Caveira andante
E bem corcunda

Olheira funda
De Boca aberta
Balbuciante
Vagueabunda

Chorava a vida
Vivia a sorte
Beirava a morte
Em uma segunda

Bruno Milagres 16.05.06 "Segunda foi um dia bem ruim por aqui"

Conselho de homem

Se estiveres apaixonado
e amando
case-se
(e torça para que tua única mulher lhe continue a bastar).
Senão
divirta-se
não se case.
Porém
se a diversão
acabar
apaixone-se (é divertido)
e procure amar.
Mas
não se deixe enganar...
Seja como for
a mulher deve estar
sempre em seu pleno lugar (a cozinha).
E vale Bocage:
"Se pois guardar devemos castidade,
"Para que nos deu Deus porras leiteiras,
"Senão para foder com liberdade?"

Linóleo Cavalhesco

9.5.06

Transbordas

O mundo transbordou
De tão cheio que estava
De tudo o que herdou
Então transbordava
E transbordava
Terrivelmente

O mundo se encheu de si
Cansava de tanto ter
E de tão mais ter de dar
Às formigas humanas
Em suas fagias insanas
Sim. Estupidamente

O mundo transbordou
Assim de repente
Como quem nada quer
Feito humor de mulher
E as formiguinhas matou
Completamente.

Bruno Milagres 09.05.06 SP "Vejo que de tempos em tempos volto aos mesmos temas. Como uma cobra a engolir o próprio rabo, ando em um círculo e não num requadro."

Partiu III

Partiu
Parte do que tenho não mais me pertence
Em qualquer circunstância jamais pertencera
Parte do que sou não mais me requer
E só faz se querida em forma de fera
Parte do que sinto não mais me convence
Agora é partida o que já fora inteira
A parte de tudo que mais me lacera
Parte do que tem um nome de mulher.

Então parte,
Parte quimera e parte rameira
Parta daqui para outra coleira
Parte para a tua puta parideira
Parte. Que aqui ninguém mais lhe quer.

Partiu?

Bruno Milagres 8.05.06 SP "Reparte o inverno e o verão a primavera"

Partiu II

Partiu
Para onde foi
Ninguém viu
Será que surtou
Ou Só sumiu
Para onde foi
Nem se despediu
Casou, mudou
Tampouco ouviu
Nosso eterno oi
Para onde foi
Que nem se sentiu
Desencarnou
Para onde fugiu
Será que mentiu
Para onde foi
Se tudo deixou
De tudo que viu
Nada levou
Será que voou
Será que caiu
Será que não foi
Será que partiu

Bruno Milagres 7.05.06 SP "Como já disse... longa história. Mas tudo que parte, um dia retorna."

27.4.06

Partiu

O que fizeram ao Redentor
Vigilante sobre as águas?
Será que subira aos céus
Refugiou-se em outras praias?
Será que de sua inábil
Posição se retirou?

Será que algum mal feitor
Traficante o sequestrou?
O que fizeram ao Redentor
Ludibriante Guanabara?
Por acaso o baleou?
Ou sobre ti fugiu passou?

O que fizeram meu amor
Ao nosso santo protetor?
Ele a todos inspirava
Sem dizer um só clamor
Ele que testemunhou
Quando eu disse que te amava.

Fora seu incansável
Pétreo pedestal tombado?
Criara então auréola e asas
E voltara ao criador?
Diga! Diga meu amor
O que fizeram ao Redentor?

O dia já vai longa tarde
Sem alarde ou estupor
E nem você sentiu temor
Quando ouvira a inverdade
Sobre o nosso Redentor
Disseram "Foi algum covarde"

Agora diga ó meu amor
Do mundo de sua cidade
De sua só tranquilidade
Onde há de se achar
Nos céus ou no fundo do mar
O meu perdido Redentor?

Bruno Milagres 27.04.06 "essa é uma longa história..."

Rosicleide

Rosicleide é cabocla
Rosicleide é meu deleite
Cuca fresca toda toda
Toda toda só enfeite

Vem me beija toda boca
Não permita que me deite
Rosicleide meu azeite
Toda Louca Lôca-Lôca

Cama quente Eu e ela
Vem e pula nua em pelo
Rosicleide não respeite

Café preto sobre o leite
Cheiro doce de canela
E Rosicleide na janela

Rosicleide de vermelho
E uma fita no cabelo
Não se vá Ó Cinderela!

Bruno Milagres 27.04.06 "Para todas as Rosicleides"

23.4.06

Contra dições

Dentro e fora
Exterior e interiror
Interno e Externo
Campo e extra campo
In e out
Humano e natural
Certo e errado

Ao inferno com tudo isso!

Quero as fronteiras
As interseções
Os Híbridos
As possibilidades infinitas

Qualquer coisa que varra as certezas, trazendo a vida e nada mais!

20.4.06

Palavras

As palavras vem
E vão incertas
Vem em vão
Sem alertas
Imprevisíveis

As vezes em formas
Em frente e verso
Iridescentes
Curvelíneas
Sorridentes

As vezes escritas
Em guardanapos usados
Em tons de baton
As vezes suspirados
Por lábios ardentes

As vezes só ditas
Por bocas malditas
E tão inocentes
Chamando por bocas
Malditas as vezes

As vezes visíveis
Noutra sugeridas
Assim são geradas
Em mente atrevidas
Virão as palavras.

Bruno Milagres 17.04.06 SP "Palavras são só e só são palavras."

12.4.06

Algor

Existe
em meu Crer
no Agora
Algo em querer-Te
Algo em não Te querer
Já não mais sei
o que é maior
Haja a certeza, embora
do Amor

11.4.06

(sem sorte) ...ufa.. 3

Canto
de escreser
......pinto
tem saudade
canta
......safada

c'est ne pas

Je suis
une barrière.
Ressemblance.

(sem sorte) 2

Extremidade
É hoje
de saudade

Telefone com fio

Hoje, 17:00
final?finalmente!!!
EBA EBA EBA
João João João
fico louca de p..onde?

(sem sorte 1)

Ela disse:
- Eu tinha uma pinta.
Ele retrucou:
- Eu ainda tenho

23.3.06

Ressaca

Sensações adversas
Em brandas ondas de frio e desequilíbrio
Os lados do quarto em posição inversa
Os fragmentos de ontem
Lembranças de desconexas conversas
Os lados desalinhados do quadro
Os olhos de esquadro em suas cavidades
Parecem cidades, efeito de fictício colírio
Pelas luzes de ontem embriagados
Os olhares de ontem
A gravidade parece hoje ter aumentado
Fustiga o corpo que na cama fora jogado
Cama que por sua vez possui invisíveis braços
Que comprimem em delírio feito firmes laços
Que tornam o levantar mais difícil
Que sufocam e o desconforto tornam ainda maior
Efeitos subliminares nas peredes pendentes
Lá fora o brilho de mil estrelas cadentes
E aqui dentro um enorme sacrifício
Por outrora feito em pleno juízo
Inocentado pelas adversidades


Bruno Milagres 23/03/06 SP "Gosto de ontem na boca, cheiro de ontem no corpo, mente nas memórias de ontem. Talvez a ressaca seja uma forma de punição pela viagem no tempo."

Primeiro dia dos três de ressaca no céu

Deixo a vaca
e vou pro brejo.
Beijo esquecido é saber
Noite passada passou
Na lamúria:
rema, rema, rema dor
já rimava o salvador

20.3.06

Trai são

Abre tuas entranhas
Revolve tua diminuta consciência
Acorda tua besta interior
Adormece em teu inútil sacrilégio

Ergue-te em artimanhas
Obra-te em ardis sem importância
Cai mais uma vez em estertor
Salva tua pele em sortilégio

Ah, pobre clamor de tuas sanhas
Crês que não faltaste sapiência?
Gritas, tua voz em estentor
Achas que saíste, então, egrégio?

De omni re scibili
Voluntas tua
In cælo et in terra

14.3.06

Não sou poeta

Não sou poeta
Sou bandido

Roubo inspiração
Em sua musa
Assalto a mão armada
Atiro de canhão
Sou eu quem abusa
A cada palavra
Disparo em semifusa
Metralho o coração
Que tudo destrói
Como na canção
Sou herói

Não sou poeta
Sou bandido

Bruno Milagres 14/03/06 "Na tela vermelha o corpo estendido no chão"

São Gêmeos

Sinto algo que urge no centro
Das coisas que são e não são
Dos caminhos perdidos em vão
E das metamorfoses de dentro

Surgem avessos às banalidades
Das múltiplas personalidades
Uma unidade de alma enigmática
Um casal gêmeo de face oculta

Suas qualidades são como vinho
Feitas de sabores escondidos
E de controlada maturidade

Seus defeitos dois bolores
A total falta de ingenuidade
E a descrença nos amores

Sinto uma fatal iniquidade
Nas consequências da vida adulta
Nos caminhos encontrados ou não
E na castidade impoluta.


Bruno Milagres 13/03 SP "Os dois lados do espelho se misturam em solução adversa."

Ilha Noturna

As estrelas cochilam
Num zum zum brilham
Iluminam em centelhas
Mil pontinhos de sonhar

Bruno Milagres 14/03/06

Manhã de Cinzas

Fica um gosto estranho na boca
Como o café que esfriou
Com a janela aberta
A chuva fina
Lá fora distante
O mar de ressaca
Na cama coberta
Desconfortante

Sonho sem sono
Um frio na alma
Outro cigarro
Sem nenhum calor
O cinzeiro de barro
Os olhos cheios
De secas lágrimas

A banheira morna
Luzes apagadas
O chão molhado
Minhas pegadas
Por toda parte
Restos de nada

O barulho do dia
O silêncio da noite
Morrem as notas
E as palavras
Escorrem

O som do relógio
Passa um tempo
Que passa devagar
Inutilmente

Não quero mais
Estar tão sóbrio
Tão incapaz de estar

Sinto um gosto
De desgosto

E agora?

Bruno Milagres 01/03/06 SP "É hora de esvaziar os cinzeiros e de secar as lágrimas".

9.3.06

"tudo já foi feito" "uma ova" "talvez" "outra vez"

Um certo Paul cantava suas músicas
e um certo Paul estava certo
pois nem toda arte
se perde com o tempo
e nem toda fala vem de quem disse primeiro.
Enquanto um morre
e aprofunda na areia dos sonhos
o outro continua e o ouvimos cantar.
Hoje é dia de histórias
e achamos tão infantil os 19, os 18 e os 17
que até parece brincadeira,
maçã na cabeça,
navio a vapor
ou até caixa preta,
mas pior são os 20
com os quadrados e triângulos
parencendo aviões
ou carros e avenidas
pela tela de um celular.

Para uma Flor

Hoje sou Matisse
E te dou o tom de minhas cores
Hoje sou Monet
E te dou detalhes em aquarela
Hoje sou DaVinci
E te dou ares de donzela
Hoje sou Picasso
E a espelho em meus amores

Bruno Milagres 09/03/06 SP Para uma Flor

8.3.06

Minha poesia

Minha poesia fala de mar e de amor
Fala ao vento nas velas da vida
Fala ao fogo com seu ardor
Fala na ferida e na dor
Na alegria que é contida
E no silêncio de um clamor

Minha poesia foi feita para ser cantada
Para ser sentida e derramada
Para dedicar a mulher amada
Para nunca ser esquecida
Foi feita feito espada
Para ser brandida
E no coração espetada

Ah poesia adolescente
Insolente em valentia
Briga com tal galhardia
Que me arranca boa gargalhada

Ah poesia dormente
Quer acordar derepente
Em bela nau entalhada
Tatuada em tua mente

Bruno Milagres 08/03/06

SonhadElla

Sonho acordado
Ao som de Ella
Sem que eu perceba
Ela se revela
Ao meu lado

Me and Ella
Palco iluminado
A elegância e beleza
De uma voz bela
E um sapatiado

Eu e Ela
Pelo todo arrepiado
Mãos de incrível leveza
Um riso só dela
E um beijo molhado

Ao som de Ella
Eu sonho



Um sonho bom, um sonho Bortolon...

Bruno Milagres 08/03/06 SP

3.3.06

Sorria

Sonhei que sorria
Ah, daquele jeitinho
Pena que logo veio o dia
Mas aquele gostinho
Ah, o gosto da noite que fica
Ainda sentia
De olhos fechados
Na boca
Fria

Bruno Milagres 03/03/06 SP, "Alegria, alegria, é manhã de um novo dia."

24.2.06

Smells like ...

Sugo o velho sangue da noite
Espalhado nas escórias da cidade
E derramo o perdão aos infortúnios
Sobre as mentiras ditas da verdade

Escapo sobre trilhos de aço
Verto o sangue em grandes assaltos
São destroços de tantos percalços
Que ficam pra trás em outro espaço

Vejo luminosos embriagado
E por mais que não encontre foco
Eles me parecem voluptuosos

Sinto o cheiro da noite
E por mais que este não me agrade
Foi melhor te-lo provado.

Bruno Milagres 24/02/06 "Não consigo lembrar do seu cheiro... Não tenho conseguido me concentrar..."

17.2.06

Sopro Mur-mur

O segredo disso tudo
É quando querer querer calado
E quando dizer dizer mudo

O segredo já diz tudo
Quer dizer somente mudo
Diz querer secretamente

O segredo não desmente
Quer dizer sempre que tudo
Que não se diz diz veemente

O segredo muda o mundo
Quer dizer sempre o tudo
Que se quer eternamente.

Bruno Milagres 17/02/06 SP. De repente escuto vozes do além.

Sem Títulos

Sem sentidos
Sem vestidos
Sem sexos
Sem cigarros
Sem sonhos

Sem razões
Sem mistérios
Sem medidas
Sem canções
Sem lições

Sem rimas
Sem emoções
Sem sentimentos
Sem consentimentos
Sem cismas

Sem lenços
Sem documentos
Sem sacanagens
Sem malandragens
Sem amores

Sem sermões
Sem sacrifícios
Sem surpresas
Sem destinos
Sem mais palavras

Bruno Milagres 17/02/06 SP. Cem por cento sem sensatez

11.2.06

Eu e você

Eu vejo
Vejo e invejo
Invejo e desejo
Desejo e invejo
Invejo e vejo
Eu vejo

Eu vejo
Eu cego
Eu beijo
Eu nego

Eu vejo
Vejo e renego
Renego o que vejo
Revejo o que nego
Já não vejo
Venero

E degenero
Eu e Nero
Eu quero
Te quiero

Eu vejo
Eu tejo
E elejo
Você…

Bruno Milagres / SP 7/2/06

Os Homens

Dos mais nobres sentimentos
Aos mais baixos impulsos
São feitos os homens

São eles vendidos avulsos
Condes ou só maus elementos
São como os ventos que vem e derepente
Somem

Das ruas e dos bares onde comem
Bebem e dormem em seus apartamentos
Espalhados em sulcos

São tão somente vultos
São os perdidos momentos
São o espaço que vem entre
Fêmur e abdomem

São assim feitos os homens
De falos e testículos cultos
De débeis pensamentos
Dos mais baixos impulsos
Aos mais nobres sentimentos.

Bruno Milagres
Noite fria em um apart hotel em São Paulo. Tento não pensar demais nas coisas da vida…
(02/02/2006)

Existir em mim

Existe em mim um sentimento
Que me impele a derramar
Em palavras mal escolhidas
Em extensos lamentos
O tamanho bem de te amar
Por mil e uma vidas
Em mil e uma linhas
Em todas as letras e versos

Existe uma grande sala vazia
Cheia de objetos seus
Seus pertences que ja foram meus
E que agora em fantasia
Finjo tatear em verbos
Em adjetivos sentir
Em silêncios esquecer
Em pontuar.

Existe um secreto fim
Para cada metaforear
Onde estão o véu carmim
O jardim de beijos
E o gosto de manjar

Existe um verbo sim
Que a tanto temo falar
Que amanhece em mim
Que entardece em ti
E anoitece em nós

Espera então madrugar
E silencia

Existe um certo lugar
Existia

Bruno Milagres / SP 9/2/06

10.2.06

Domingo na selva

Saí a procura do nada,
mas esse verso eu já escrevi,
termina assim:
-

8.2.06

Salmo Lei (Algumas gramas)

Levanta e diz:
Quero ouvir Elis.
Elias não pensará assim.

Pedregulhos

Não parei
péra lá
que não pensei
ainda
mas sei que ... não ser
só sede que me deu
essa sede que meu deus
não passa
de sertão
de ilusão
de ilustres lustres
de outras ostras
péra lá
que agora achei,
uma pausa, para a vírgula,
e, mesmo que me alongando,
já sei o que dizer:
Pirilampo é o que fecha onde se guarda pirulitos
Claro como uma abóbora de outubro,
vermelho... como a... flor de vênus.

Dandy

Sim sou eu
De volta e de longe
De novo e de onde
Discreto de monge
Este sou eu

Conde de nada
D'onde de outrora
Fugi da memória
Dandy de fora
Este que é dada

Sim eu sou nada
Decreto de agora
Que finda morada
Foi noite embora
Permeada

Bruno Milagres

11.1.06

Zampa

Zarpa
Zzzzunno

Zirigdum
...Disseqfoi
Zirigdom
...Paracomisso
Zirigdó
........Dimdimdidá
........Disseqjá
Proparaíso

Zirigdum
...Masnãoénão
Zirigdom
...Paracomisso
Zirigdó
........Dimdimdidá
........Disseqé
Praseacabar

Zamba
Zzzzunno
Zampa

Leviatã

O leviatã sonda
O profundo vale de montanhas sumbersas
A procura de sua amada

O leviatã não diz nada
No mundo de luzes e paisagens inversas
A procura de sua onda

O leviatã é a maior criatura já criada
Ou talvez inventada, não importa
A solidão que sente não pode ser imagindada

O leviatã sonda e nada diz
Espera
Infeliz

Soneto ao anjo caído

Anjo inquieto
que um dia ama
e n'outro foge.
Apaga minha chama.

Te espero feliz,
e calmo, aguardo
a hora de encontrar
meu anjo adorado.

As horas passam,
o anjo e o tempo fogem
e não me chamam.

Fico desiludido
e lamento sinceramente
este inseguro anjo caído.

Vontade de você

Olhar para o horizonte
e enxergar o que a vista vê
vejo barcos, água, montanha
mas não vejo você

Vejo o sol, vejo a sombra
sinto a água e a areia
a idéia que me assombra
é saber que te sentir me incendeia

Sinto o cheiro do sal do mar
E no ar, a brisa me toca
tento encontrar teu cheiro
e na minha cama, me deito
e teu cheiro sinto ao sonhar

Ouço as folhas da palmeira roçarem
E os pássaros, nela cantarem
Só não ouço o que queria:
- Que bem meus beijos lhe fariam!

Lembrança do Kahlua

É noite de lua nova.
Saboreio um café
e exalto você
em busca de prosa .

Ouço um samba
pra te sentir mais perto
e me vem palavras
que inspiram o poeta
em busca de um verso.

Imagino você dançar
e em minha volta nada muda.
Meu coração é passarela
onde samba você, minha musa

Os teus gestos enchem meus olhos
e o meu coração se incendeia.
E a lua que antes era nova
agora te ilumina pois é cheia.

Saudade do amigo

Saudade do amigo
que curte a vida
e seus pensamentos,
divide comigo.

Falamos de sentimentos,
planos e alegrias
para espantar a tristeza
e lembrar do que fazíamos.

É certo que gostaríamos
de um amor verdadeiro,
divertir com os amigos
e ganhar muito dinheiro.

Saudade dos conselhos
sinceros e desinteressados
que jogam toda a tristeza
para o ralo do passado.

O dia em que eu morrer

O dia em que eu morrer
não quero choro nem tristeza.
Quero a alegria dos amigos
cantando e sorrindo em uma mesa.

Quero ver Mara e Marina
dedilhando Toquinho ao violão
e ao som de aquarela,
cantamos Marcos, Dani, Lavs e Brunão.

Quero as terças-feiras no Stadt Jever,
os vinhos e cafés no Tina,
conversas, gargalhadas, abraços, bares,
pois ver meus amigos felizes me fascina.

Quero a animação das viagens,
falar de amor, futebol e sacanagem.
Quero dos amigos as boas lembranças
e o sincero elogio das amantes.

Não quero cova, nem enterro.
Quero meus amigos alegres e bêbados.
Quero todos se abraçando,
continuando se encontrando.

E a amizade que de mim começou
dure pra sempre em bares
ou em quaisquer lugares
onde haja canções e amor.

Quero as cinzas aos ares
e ao som do vento que se espalha,
quero ouvir gritos de entusiasmo
após este poema declamarem.

10.1.06

Ícaro

Ícaro

Cai vertiginoso sobre as ondas
Poderoso anjo de asas tortas
Espalhando penas e sombras mortas
Pelos vales de águas brandas

Cai dos céus meticuloso
Espiralando ágil cem mil rotas
Mergulha o oceano de profundas grotas
Dos males de um amo vil e lodoso

Submerso nas humanas entranhas
Estão teus sinceros sonhos
De verdadeiras façanhas

A ti um verso de letras estranhas
Escrevo com os olhos tristes
De um perdido leviatã

9.1.06

Adorável Mundo de Sempre

Aqui em cima
Aqui em cima
Aqui em baixo
Aqui em baixo
Aqui em baixo....................)--)-
Aqui em baixo
Aqui em baixo
Aqui em baixo
Aqui em baixo
Aqui em baixo
Aqui em baixo
Aqui em baixo
Aqui em baixo
Trópico de câncer -------------------- América-------

Asas do desejo

§------------§
caiu a asa de tanto balançar
§------------§
corre menino, senão cai em cima doce!
sssssffffffssssssssfffffffffffzzáaa§------------§







Que delícia aqui em baixo......

5.1.06

Resposta à "Volta"

VOLTA
Minha alma esta noite vagueia,
sinto falta do amor que me incendeia,
dos amores que trocávamos em noite de lua cheia,
de quando me chamava: linda sereia.
Agora sozinha não sei o que fazer,
a morte eu não peço, pois não há em mim mais o que morrer,
Meu amor volta, que sem ti não sei viver.
(V.M.)

Resposta à "Volta"
Em uma noite de lua cheia
ouço em meus sonhos, suspiros
de uma alma que hoje vaga
com súplicas de amores perdidos

Ao ver-te sozinha me encanto
triste e sem saber o que fazer
tu achas que não há mais vida
e que não há mais o que morrer

Digo-lhe em pensamento
que este amor que morreu
na verdade deu espaço
para um novo amor viver

Não há mais o que morrer
pois hoje o coração é fértil
e posso lhe garantir
que um novo amor é certo

Só não posso garantir
que seu amor voltará
mas espero que um dia possas
o meu amor encontrar

Do you Dolly?

Riem verdes os versos,
um desses de cópula,
tendo a lua uma roupa
com suas tetas inversas.

2.1.06

Sorve Champagne

Sim quero um ano que me acompanhe
Que ande no meu passo
Sem pressa ou cansaço
Sem espera e cheio de esperança

Quero que o espaço me entranhe
Me entrance em seu laço
Deixando vazio o escasso
Puro de luz, graça e dança

Serve do melhor champagne
E derrame o mais saboroso vinho
Em velas e napos de linho

Sim sorve e não se acanhe
Pois se não conhece um caminho
Voe alto que o alcança

1.1.06

1. 1. 06

Nuvem em alta pulava fofa

Cavalo menina caía boba

Imagem dia passava inteiro
Entre um outro piscava filmes
Massagem sonho sem vôo
Antes da menina anjo caído
Outro quilograma por hora
A gravidade iminente e Jáneiro

pitorema familiar

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