22.6.06

En Fim

Valete de paus
Não me vale nada
Pois todos são maus
No naipe de paus

A dama de ouros
Que nunca é passada
Por seus nobres louros
É bela encartada

O rei já não quero
Mas dez mais rodadas
É um que espero
Do naipe de espadas

Agora de copas
O az das paradas
Que venham em tropas
As cartas marcadas

Enfim! Bati!

20.6.06

Cop( )a na cama

Cartas amassadas
na mesa partida
vermelho no naipe
a dama na cama
de noite de quatro
daquele número
divisível por um
e por si mesma
melhor que três
menor que sete
no meio de uma dezena
mas não é cinco

18.6.06

Aquele dia

No alto de uma colina
tinha uma casinha
e dentro dessa casinha
tinha uma galinha

Quando a galinha cacareja
penso: - Que diabo de vida,
eu nunca comi cereja

(poema escrito a contragosto
com a imprudênte influência de
co-autores que prefiro não citar
para não denegrir)

16.6.06

Cereja

Ela é feita de todas
as camadas da crosta terrestre
Ela é um vulcão adormecido
uma fruta silvestre
é A flor eleita

Ela move montanhas as vezes
revolta as ondas
de baixo do fundo dos mares
respira buenos aires
nunca se prende nas redes

Ela é um redemoínho
que me atrai para o centro
pros seus grandes olhos de café
negros noite adentro
doce feito pecado

Ela é uma das cerejas do bolo da vida.

Bruno Milagres 16.06.2006 "Ontem foi um dia bonito"

5.6.06

Entre termos

Quando o corpo é pouco
Para dar mais um passo
A alma cresce
Expande e volta ao espaço

Se o corpo é pequeno
Para ver lá do alto
Então olha de dentro
Grande é o abraço

Veja!
Pequeno e grande são apenas dimensões e não propriedades
O muito e o pouco são quantidades e não qualidades
Engraçado quão caras são estas palavras.

3.6.06

Ocaso

ócio, dente rangendo
ponho migalhas na boca

vejo filmes pesados
estico as pálpebras
e quebro pedras nos olhos
Hoje outro dia