25.1.10

Na Ciranda

Segue dia, vai ciranda
Acordei um vagalume
Passo um café com bolachas
E tomo sol lá na varanda

Vejo na rua de banda
Carros brilhando betume
Canção de troca de marchas
Segue dia, vai ciranda

Nuvens em forma de panda
Nadam juntas num cardume
Umas gordas outras baixas
Segue dia, vai ciranda

Sinto o cheiro da lavanda
Dos lençóis vem seu perfume
Voam brancos em mil faixas
Segue dia, vai ciranda

Das fendas da persiana
Tanta vida que me entume
Ponho então o som nas caixas
Segue dia, vai ciranda.

25.01 - Segunda de manhã.
De dia o vagalume não é de nada.

Mergulho

Mergulho
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Por um minuto
Vejo o mundo submerso
Azul de um céu impoluto
E o sol diminuto ao inverso
Reflexos que daqui escuto
Nas ondas que mudo disperso

Meu aquático berço
Forrado em azulejos de veludo
Durmo totalmente imerso
Sinto seu calor felpudo
E lembro de quando ainda néscio
Via o mundo lá do fundo

Por um minuto
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Resoluto, desperto.

17.1.10

Só os loucos são felizes!

Malabaristas são felizes
Enxadristas não o são
Dançarinas são felizes
As contorcionistas não
Trapezistas são felizes
Os palhaços sempre sãos
Fazem outros mais felizes
Estes sim sabem ser sãos

Se és feliz então me dizes
Quantos outros também são

São os outros mais felizes
Nada digas, porque são!
Os atores e as atrizes
Interpretam quem o são
Já pensou nas meretrizes?
Quantas fizeram felizes
Aqueles que nunca serão.
Só os loucos são felizes!

As dentistas são felizes
Pacientes não o são
Os profetas são felizes
Profecias nunca são
Anarquistas são felizes
As ovelhas são felizes
Os pastores são felizes
Apesar de impostores

Os cantores são felizes
Marinheiros são felizes
Amadores são felizes
Inocentes são felizes
E é claro os indecentes
Os carentes e os decentes
Apesar de infelizes
Sempre dizem que não são

Os ateus não são felizes
Os cristãos também não são
Se os fiés são infelizes
E os infiés tão infelizes
Somos todos infelizes?
Quem não teve os seus deslizes?
Quem não tem outros matizes?
Se és feliz então me dizes.

17.01.10 - Poema em andamento.

15.1.10

Nós dois nós

Vou dar nós dois
Pro resto do mundo
Espere! Um segundo:
Vou dar dois nós.

11.1.10

Um dia de reis

Era um dia de reis
Saboreou de néctares
Fartou-se em iguarias
Tragou das nuvens
Deitou em penas
Sonhou os anjos

E o que poderia esconder
o sonho do mais afortunado dos seres,
senão ter um dia nada ainda provado?

Em sonho sentia a inocência dos sentidos
Deliciosamente...

Vezes

Vez em quando
o tempo para
o céu gira cheio de estrelas
a lua brilha prata
vez em quando

Vez por onde
falta respiração
o sol gira meio de fogo
e a noite o esconde
talvez

Onde tem vez
o coração que para
a luz não falta
e a brisa suspira de vez

Quando em vez
de falar silencia
de ouvir pressente
de prever acredita

Talvez
quando e onde for
será a tua vez