4.7.11

Fortuna

Me atinja
Um tiro impossível
Uma trovoada
Uma estrela ninja
Silenciosa e indizível

Me atinja
Com seus dentes brancos
Suas mechas negras
Uma única bocada
Canina

Me atinja
Com seus pés de fada
Cuidadosa e felina
Uma única patada
Eletrificada

Me atinja
De olhos vendada
Suas unhas bonina
Com a mão espalmada
Uma bofetada

Me atinja
Só me atinja
Seja o fio da espada
A mão enluvada
Seja bem vinda
a sua porrada
Feito um trem de carga
Um estrondoso raio
Um Titanic

Estou aqui
Imobilizada

27.9.10

Jardim das Belezuras

Uma duas cabriluas
Mariposam semvernuas
Quem diria percevejas
Vem de noite cigarrear

Uma delas bailaruna
Dança cisna na laguna
Vai plié plié contente
Louva deusa do luar

Beijadeira é a segunda
Canta a rima vem de lá
Seu do ré mi fá cadente
Colitrisca estelar

No jardim das belezuras
Onde as duas libeleiam
Crica um grilinoar
Sapoteia o brejeiro
Sinapisca o vagaleiro
Sodislaia uma cornuja (Esta veio pra jantar)
E uma dúzia de baluas
Sonham borboletear.

2.5.10

Sonho de Abril

A vida estava que escapava
Pelas beiradas da cama
Debaixo do cobertor
O olhar lhe vagava
Tentando escapar do sono
Que ali esperava
Sonhava mais que a vida
Sentia o calor da barriga
A luz do sol de inverno
O leite fervido da manhã
O angorá a preparar seu leito
Para a tardinha dormir
Sentia que devia dormir
Dor...........................mir

Sonhou com colibrís.

6.4.10

Ver o

Não mais
Meias palavras
Ledas ambições
Não mais mas,
porém, senão, e se?
Não mais te calas
Não mais
Nem meias porções
Sem meras ciladas
Não mais logo,
breve, quando, será?
Não mais orações
Nem sugestões
Não predicadas
Não mais

Há um só verbo
entre eu e você.


São Paulo, 06 de abril de 2010.

25.1.10

Na Ciranda

Segue dia, vai ciranda
Acordei um vagalume
Passo um café com bolachas
E tomo sol lá na varanda

Vejo na rua de banda
Carros brilhando betume
Canção de troca de marchas
Segue dia, vai ciranda

Nuvens em forma de panda
Nadam juntas num cardume
Umas gordas outras baixas
Segue dia, vai ciranda

Sinto o cheiro da lavanda
Dos lençóis vem seu perfume
Voam brancos em mil faixas
Segue dia, vai ciranda

Das fendas da persiana
Tanta vida que me entume
Ponho então o som nas caixas
Segue dia, vai ciranda.

25.01 - Segunda de manhã.
De dia o vagalume não é de nada.

Mergulho

Mergulho
.
.
.
.
.
.

Por um minuto
Vejo o mundo submerso
Azul de um céu impoluto
E o sol diminuto ao inverso
Reflexos que daqui escuto
Nas ondas que mudo disperso

Meu aquático berço
Forrado em azulejos de veludo
Durmo totalmente imerso
Sinto seu calor felpudo
E lembro de quando ainda néscio
Via o mundo lá do fundo

Por um minuto
.
.
.
.
.
.

Resoluto, desperto.

17.1.10

Só os loucos são felizes!

Malabaristas são felizes
Enxadristas não o são
Dançarinas são felizes
As contorcionistas não
Trapezistas são felizes
Os palhaços sempre sãos
Fazem outros mais felizes
Estes sim sabem ser sãos

Se és feliz então me dizes
Quantos outros também são

São os outros mais felizes
Nada digas, porque são!
Os atores e as atrizes
Interpretam quem o são
Já pensou nas meretrizes?
Quantas fizeram felizes
Aqueles que nunca serão.
Só os loucos são felizes!

As dentistas são felizes
Pacientes não o são
Os profetas são felizes
Profecias nunca são
Anarquistas são felizes
As ovelhas são felizes
Os pastores são felizes
Apesar de impostores

Os cantores são felizes
Marinheiros são felizes
Amadores são felizes
Inocentes são felizes
E é claro os indecentes
Os carentes e os decentes
Apesar de infelizes
Sempre dizem que não são

Os ateus não são felizes
Os cristãos também não são
Se os fiés são infelizes
E os infiés tão infelizes
Somos todos infelizes?
Quem não teve os seus deslizes?
Quem não tem outros matizes?
Se és feliz então me dizes.

17.01.10 - Poema em andamento.

15.1.10

Nós dois nós

Vou dar nós dois
Pro resto do mundo
Espere! Um segundo:
Vou dar dois nós.