26.7.06

P aladas

Pássaro de pedra
Não plana não pia
Compenetrado
Espera

Rema

Salve morro dos mares
Folha seca laranja e café
Vento que cerca horizontes
Homem que suspira em pé.
Martelo batia e ainda bate no cobre do taxo de tantas marias.
Doce de figo marmelo cidra mel na colher e à noite no pão.
Desce a noite a saudade a neblina que me cria lembrar.
Voa pomba sem rumo pra cima dos ventos ser gaivota.
Volta.

Acorde

Acorde
Que o amor gritou
Rugiu leão abriu a flor
Acorde! Acorde!
Que é seu o dia
Fareja maresia
Calçada molhada
O sol luzindo n'água
O coração que estremeceu

Acorde
Que o amor gritou
De juba amarrada
Toda corada
Acorde! Acorde!
E corre sem guia
Na areia dourada
O vento soprando a balada
Da tristeza que adormeceu

Bruno Milagres 26.07.06 SP "Longe de casa, a mais de uma semana..."

20.7.06

Pesacabelo (ou O Sonho dos Carecas)

Valderramas por todos os lados
Num imenso salão de cabelereiro
As máquinas zunindo agitadas
Pelas mãos dos vários braços do barbeiro
Ele também é Valderrama
Cabelos encaracolados
Sobre o piso xadrez de quadrados

Os cabelos caindo e crescendo nas cabeças
Caindo e formando um imenso tapete de cabelo
E subindo, como um mar de cabelo
As cabeças derramando cabelo
Cabelo por todos os lados
Como um terrível pesadelo
De cabelo e mais cabelo

Morumbi

O homem era pago para passear com cachorros
Era bom no que fazia Tinha pedigree
Puxava as oito coleiras pelo Morumbi
Subindo e descendo morros
A cachorrada guiava

Era o que lhe sustentava Sua família
Grandes e velhotes ou pequenos filhotes
Não importava Só ele não latia
O animal tatuado em seus braços fortes
A cachorrada lhe puxava

O carro vinha em pressa disparada
Latiu com sua buzina enquanto batia
Arrastou-se pela guia da calçada
Virou faiscando a fachada
Enquanto o homem olhava e fugia

A cachorrada latia e pulava
Enquanto o carro estilhaçava
Ao fim apenas uma buzina intermitente
Um silêncio que não mais passava
Enquanto escurecia tudo de repente

Bruno Milagres 20.07.06 SP

17.7.06

Chega a Saudade

Pontinhos brilham no céu carmim
Ao longe uma doce balada
Cantiga de Jobim
Na boca sorrindo calada
Seu céu vem surgindo gigante
Até que selada em mim
Sorrindo
Calada

Ao longe brilham pontinhos
No céu de Jobim
Seu céu gigante e carmim
Na boca calada a cantiga
Surgindo em sons de sininhos
Aos poucos indo perdida
Dormindo
Colada

Ao céu volto o olhar
Longe a perdida balada
Cantiga de fazer chorar
Calada em um semblante
A saudade se faz gigante
Cantada na voz de Jobim
Se estiver ouvindo
Não diga nada

"... não pode mais meu coração viver assim dilacerado..."

6.7.06

Falta Pouco

Tic Tac Tic Seis e vinte e três
Tic Tac Tic São quase sete
Tic Tac Tic Valha-me Deus

Tic Tac Tic Tento forçar os ponteiros a andarem mais rápido
Tic Tac Tic usando poderes paranormais...
Tic Tac Tic Claro, não os possuo!

Tic Tac Tic São seis e vinte e nove
Tic Tac Ti Talvez tentando mais...
Tic Tac Tic O ponteiro não se move.

Tic Tac Tic Preso aqui?
Tic Tac Tic Mas por quem?
Tic Tac Tic Ou que?

Tic Tac Tic Minhas asas andam longas
Tic Tac Tic Meus passos meio desastrados
Tic Tac Tic Ah tempo que não passa

Tic Tac Tic Se para uns ele voa
Tic Tac Tic e para outros escorre rapidamente
Tic Tac Tic De mim ele rí descarado

Tic Tac Tic Adianto para quase sete
Tic Tac Tic Seis e cinquenta e sete
Tic Tac Tic Que tal?

Tic Tac Tic Somente dois minutos. Sim!
Tic Tac Tic Agora falta só um.

E Fim

Bruno Milagres 06.07.06 SP "Céus, estou realmente perdendo a razão! ... enfim! :) "

Amanhã

Abro os olhos de hoje
Vazios
De vontade
Tão tarde
Ponteiros são alicates de tortura
E por mais macia a cama sempre fica dura

Abro os olhos de ontem
Cheios
De saudade
Já é tarde
Bombeiros sob um céu em chamas
Em geleiras procuram alguém que amas

Abro os olhos
A manhã

Bruno Milagres 06.07.2006 SP "Onde o planeta não gira gira o perneta lá de longe"