14.3.06

Manhã de Cinzas

Fica um gosto estranho na boca
Como o café que esfriou
Com a janela aberta
A chuva fina
Lá fora distante
O mar de ressaca
Na cama coberta
Desconfortante

Sonho sem sono
Um frio na alma
Outro cigarro
Sem nenhum calor
O cinzeiro de barro
Os olhos cheios
De secas lágrimas

A banheira morna
Luzes apagadas
O chão molhado
Minhas pegadas
Por toda parte
Restos de nada

O barulho do dia
O silêncio da noite
Morrem as notas
E as palavras
Escorrem

O som do relógio
Passa um tempo
Que passa devagar
Inutilmente

Não quero mais
Estar tão sóbrio
Tão incapaz de estar

Sinto um gosto
De desgosto

E agora?

Bruno Milagres 01/03/06 SP "É hora de esvaziar os cinzeiros e de secar as lágrimas".

Nenhum comentário: